Com mais da metade das escolas públicas e particulares no Brasil se dizendo adeptas do construtivismo, era de se esperar que diretores, professores e pais tivessem um bom conhecimento do assunto. A realidade, no entanto, não é bem essa.
Uma pesquisa realizada pela
UNESP revela que ninguém sabe muito bem como o construtivismo funciona, e muito menos sabe dizer por qual razão ele deve ser adotado pelas escolas.
Erroneamente classificado como método de ensino, o
construtivismo é na verdade uma teoria sobre o aprendizado infantil, proposta pelo psicólogo
Jean Piaget nos anos 20 do século passado. Segundo essa teoria, a construção do conhecimento pela criança está intimamente relacionado com as suas experiências do cotidiano.
O mais dramático, porém, é que segundo a pesquisa, a livre interpretação e adoção do construtivismo como método, pela maioria das escolas brasileiras, produziu resultados desastrosos. Especialmente em determinadas disciplinas do ensino básico.
Na fase de alfabetização, com a pedagogia tradicional, as crianças são apresentadas às letras do alfabeto e aos seus sons, depois vão formando sílabas até chegar às palavras. No construtivismo os fonemas são suprimidos, mostrando ao aluno a palavra já pronta sempre associada a uma imagem. A ideia é que com o tempo a criança acabe por assimilar aquela grafia simplesmente relacionando-a com a imagem.
(clique aqui para ver o quadro)Segundo o departamento de educação americano, que produziu o estudo mais completo já feito sobre o tema, os estudantes submetidos a esse método de alfabetização têm se saído pior do que os que são ensinados utilizando o método tradicional. Baseados nisso, a Inglaterra, os Estados Unidos e a França abandonaram de vez o construtivismo nessa fase de aprendizagem.
Da mesma forma, o departamento de educação americano recomendou que o contrutivismo também deveria ser abandonado no ensino de matemática, após constatar péssimos resultados em sala de aula.
O construtivismo foi adotado com muito entusiasmo pelos cursos de pedagogia a partir dos anos 70, quando textos de Piaget e seguidores, como
Vygotsky, foram descobertos nas universidades americanas. No Brasil virou moda. Aos poucos acabou sendo abandonado pelos países que primeiro o adotaram, mas por aqui ainda persiste.
Países que ainda adotam o construtivismo, estão entre os piores em desempenho nas avaliações internacionais de educação. O Brasil é um desses países.
Pablo Leones Mugnaini - Professor de história do EJA